“Sou natural do Congo, onde vivi até os 10 anos de idade, quando meu tio me trouxe para morar com ele no Reino Unido. Até então, meus pais eram separados e eu vivia pulando entre a casa de um e do outro. Eu morava com meu pai, mas ficava com minha mãe nos feriados, e isso era confuso para mim quando criança. Quando meu pai faleceu repentinamente, as coisas ficaram ainda mais confusas – foi quando fui morar com meu tio. Ele cuidou bem de mim, mas tivemos muitos conflitos porque eu mentia constantemente para ele sobre meu paradeiro. Toda vez que deveria estar voltando da faculdade eu escapava para encontrar garotas e mentia para ele sobre isso. Não conseguia me conter, pois não tinha autocontrole quando se tratava dos meus impulsos sexuais.
Eu era vulgar e não tinha respeito pelas mulheres, a ponto de ter problemas na escola por ser sedutor até mesmo com as professoras. Não podia contar essas coisas ao meu tio, mas de alguma forma, ele sempre sabia que eu estava mentindo, e meu mau comportamento nos afastou. Eu sabia que estava errado, mas não conseguia me conter. Quando perdi meu pai, senti como se um pedaço de mim também tivesse morrido. Parecia que havia perdido meu propósito na vida e agora estava com um enorme vazio dentro de mim. Por isso, mesmo tendo meu tio como uma figura paterna, sempre me perguntava: ‘Por que meu pai teve que morrer?’
Eu me sentia perdido e sozinho e não sabia como me expressar. Acho que de certa forma isso me levou a querer me enturmar com os garotos do meu colégio. Queria ganhar o respeito deles, então fazia coisas como tentar recrutar clientes para traficantes de drogas, ajudá-los a cometer fraudes e entrar em brigas. Eu era grande para a minha idade, então eles sempre queriam que eu andasse com eles, para o caso de haver uma briga. Gostava do fato de que eles confiavam em mim. Lembro-me de uma ocasião em que fui chamado para ajudar em uma briga e nem conhecia a pessoa por quem estava brigando!
Quando cheguei para a briga eu o vi pegar uma faca manchada de sangue em um arbusto próximo. Isso me assustou, mas mesmo assim fiquei. A briga ocorreu como planejado e felizmente, ele não usou a faca, mas aquele dia ficou gravado na minha mente. Mesmo levando aquele estilo de vida perigoso e me sentindo muito vazio, eu não achava que precisava de ajuda.
Certo dia um amigo me convidou para a FJU (Força Jovem Universal), mas recusei o convite. Pensei: ‘Isso não é bem minha praia’. Na próxima vez em que fui convidado, foi diferente porque envolvia uma das minhas maiores inclinações: uma garota. Meu amigo estava falando sobre uma garota que ele conhecia da igreja, e quanto mais ele falava sobre ela mais eu queria conhecê-la, então fui ao FJU na esperança de conhecer essa garota.
Durante a reunião, não conseguia parar de olhar para ela. Eu continuei frequentando as reuniões e um dia ouvi o pastor dizer algo que me chamou a atenção. Ele fez uma pergunta simples: ‘O que aconteceria com a sua alma se você morresse?’
Nunca havia me visto antes como uma alma, e isso me fez refletir sobre todas as coisas erradas com que estava envolvido. Quando ouvi aquelas palavras algo dentro de mim mudou. Foi como se eu tivesse visto a realidade da minha vida e eu entendi que precisava mudar, mas precisava de ajuda. Felizmente agora eu estava em um lugar onde poderia encontrar essa ajuda.
Comecei a aprender sobre a fé e o que Deus tinha para me oferecer, que era muito mais do que aquele estilo de vida que eu estava vivendo. Percebi que tudo o que eu fazia não me trazia o que eu realmente queria, que era a felicidade. Me lembro de sentir um tipo de alegria quando fazia uma loucura, mas logo passava e me sentia mau ou sujo… Mas eu entendi que Deus queria me dar a verdadeira alegria, sem nenhuma contrapartida, e decidi lutar por esta promessa.
Foi muito difícil abandonar o único estilo de vida que eu conhecia, mas compreendi que para encontrar a minha transformação interior, tinha de mudar o meu comportamento não só dentro da igreja, mas sobretudo fora, através das minhas escolhas diárias. Foi como aprender tudo de novo.
Quando me mantive firme na minha decisão e apliquei na minha vida o que estava aprendendo na igreja e na FJU (Força Jovem Universal), vi que a minha mente que estava suja ficou limpa. O meu foco agora estava na construção de um futuro bom e positivo. Eu não precisava mais estar nas ruas.
Os anos passaram e hoje posso dizer que sou um novo homem! Já não preciso ir atrás de namoros e encontros de uma noite para me sentir realizado, porque a presença de Deus preencheu o vazio que havia em mim. Agora sou feliz e tenho uma relação estável com a minha noiva. Atualmente sou voluntário na FJU para ajudar outros jovens que enfrentam as mesmas dificuldades que eu enfrentei.”
Dieu-vit Glev Loukelo
Deixe um comentário