esse tipo de tratamento, falta de amor próprio, promoter para ter trabalho,
Délleny Mourão (foto) abandonou a carreira como modelo aos 20 anos de idade. Após 5 meses trabalhando na área, em São Paulo, ela voltou para casa, em Fortaleza, e publicou um grande desabafo em seu perfil no Facebook, contando tudo o que viu no “mundo da moda” durante esse tempo.
“Modelos são alienadas, mas a culpa jamais será delas, mas sim de todo o sistema nojento, antiprofissional e desumano que é o mundo da moda, que usa da persuasão e manipulação, prometendo um mundo de glamour. Desde as agências, produtores, maquiadores, revistas, fotógrafos, olheiros e mais”, denunciou a jovem. “Há poucos que se salvam desse universo mentiroso. Mas esses poucos não sobrevivem muito tempo ou aceitam tudo de olhos fechados por medo de perder o trabalho.”
Conforme conta a ex-modelo, são exigidos padrões de estética inalcançáveis para uma pessoa saudável. Por isso, as meninas, inclusive menores de idade, apostam em dietas abusivas, laxantes e vômito autoinduzido, chegando inclusive a desmaiar de fome.
Muitas dessas moças que lutam por uma vaga na passarela utilizam drogas lícitas e ilícitas, tanto para emagrecer quanto para se divertir. “Vi menina fumando para emagrecer”, relata Délleny. “Vi festinha organizada pela agência onde o lugar era cheio de promoters, bebidas e drogas.”
O preço da passarela
Esses esforços nem sempre davam resultado, afinal são muitas moças tentando a carreira e poucas vagas de emprego. Por isso, o clima de rivalidade e inimizade entre as meninas é grande. Pior do que isso, porém, é a prostituição a qual muitas se submetem em troca de trabalho ou, simplesmente, de comida.
Délleny conta: “Vi menina tendo que sair com promoter para ter trabalho. Vi menina saindo com promoter para comer de graça em restaurante japonês. Vi menina de 17 anos saindo com dono de agência.”
A prostituição, porém, não garantia boa estadia. Délleny morou em um apartamento com outras 23 moças. Existia apenas um banheiro e muitas delas dormiam em colchões, no sofá, ou mesmo no mesmo no chão.
“Isso é muito mais sofrido, miserável, corrupto, injusto e depressivo do que vocês pensam. Uma dica: Não entre. Não se misture. Não é de hoje que a moda é uma mentira, onde poderosos estão apenas para lucrar, estão pouco se lixando se modelo X ou Y está passando fome para entrar na sua roupa. O importante para eles é o quanto de dinheiro cairá nas suas contas no fim do mês”, conclui a ex-modelo.
O outro lado
A agência que promoveu o concurso de beleza no qual Délleny foi “descoberta” e pela qual a modelo trabalhou nesses meses desmentiu algumas das informações da moça, dizendo que a empresa “repudia o uso de drogas e álcool e preza pela saúde e bem-estar das modelos. Oferecemos toda a estrutura necessária para o trabalho e a moradia na capital paulistana e incentivamos que as profissionais não vão a festas, se alimentem bem e durmam cedo.
A exigência do mercado de moda é que a modelo tenha 90 cm de quadril e não 86 cm conforme informado por Délleny. O cancelamento do contrato da modelo ocorreu depois de inúmeras tentativas de contato sem sucesso com a modelo”.
Apesar de a agência negar as acusações, não são poucas as notícias que mostram modelos anoréxicas e pressionadas a perder cada vez mais peso para atender os padrões exagerados da moda. Com tantas exigências, além dos danos físicos, muitas passam a ter baixa autoestima e falta de amor próprio.
A escritora Cristiane Cardoso, autora do livro “A Mulher V”, relata que em sua experiência como orientadora de mulheres já se deparou com muitos casos parecidos: “Cansei de ver tantas jovens lindas se acharem feias. Cansei de ver a mulher se desvalorizar tanto porque não tem o corpo que é ‘aceitável’… vocês não sabem como isso me revolta.”
Por isso, é importante que as mulheres conheçam o seu verdadeiro valor e não se submetam a esse tipo de tratamento, independentemente do objetivo que buscam. Colocar em risco a própria saúde, prostituir-se e ingerir drogas não levam uma pessoa a um bom lugar.
Cristiane explica que se preocupar com a aparência física é importante, mas muito mais importante é saber que a beleza interior é a essencial. De acordo com ela, a verdadeira beleza flui de dentro para fora. Essa beleza está na forma de pensar dessa mulher, em seu comportamento, em sua fé, no amor que ela transmite à sua família. Todavia, grande parte da sociedade, muito mais preocupada com as aparências, ignora esses fatores.
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