Era comum Patricia Pestana ouvir pessoas fofocando sobre sua família. Na pequena aldeia onde nasceu, em Portugal, todos sabiam do problema que seu pai tinha com alcoolismo e deixavam claro sua reprovação. Ela desejava fugir daquelas críticas e dos comentários maldosos que diariamente atacavam sua autoconfiança, mas onde quer que fosse, aquele sentimento de rejeição a seguia como um odor. Como superar um passado traumático como esse? Aqui, ela nos conta sua história.
“Eu sentia como se a minha família fosse a mais rejeitada na aldeia em Ribeira Brava, Portugal, onde eu vivia. O alcoolismo do meu pai era tão sério que um dia, quando eu estava voltando da escola, o ônibus teve que parar porque ele estava caído no meio da rua alcoolizado. As pessoas costumavam olhar para nós com desprezo quando passávamos, e até os parentes evitavam nos convidar para reuniões familiares temendo que meu pai beberia e causaria problemas. Nós éramos conhecidos como a família do alcoólatra e isso impactou profundamente a minha autoconfiança.
Eu sentia vergonha quando ele estava bêbado, pois sabia que estava fora de si. Apesar de ele nunca ter sido violento comigo, seu hábito nos distanciou e nos impediu de ter um relacionamento normal de pai e filha. Tudo isso ajudou que eu desenvolvesse uma mentalidade negativa. Eu sempre sentia que algo de ruim estava prestes a acontecer. Na adolescência, tive a oportunidade de vir estudar em Londres. Eu estava muito animada. Ninguém me conhecia, nem a minha família, então era como um novo começo.
Eu esperava ser aceita, mas não foi o caso. Era muito tímida e, na época, não falava inglês muito bem, então virei alvo de bullying. Alguns colegas riam de mim durante a aula e me excluíam. Isso serviu como um gatilho para todos aqueles sentimentos negativos da infância. Me senti desprezada e dessa vez não estava acontecendo por causa da minha família, então comecei a acreditar que o problema era eu.
Me sentia triste e sozinha, como se fosse uma intrusa, pois tinha dificuldade para fazer amizades devido à barreira da linguagem. Tinha um grande complexo de inferioridade onde achava que todos eram melhores do que eu e que conseguiam conquistar coisas, mas eu não conseguia. Anos depois, minha prima, que começou a frequentar a Universal, me convidou para acompanhá-la. Ela tinha mudado tanto desde que começou a frequentar a igreja – estava mais confiante e determinada a correr atrás do que queria – que eu não podia recusar o convite. Precisava ver por mim mesma o que havia a impactado daquela forma. Pensei que talvez o mesmo poderia acontecer comigo.
Após a reunião, pela primeira vez eu senti uma grande esperança de que a minha vida poderia mudar. Essa sensação de bem-estar me levou a continuar frequentando a igreja, mas demorou um certo tempo para eu experimentar uma mudança real, principalmente porque era muito fechada. Para mim, era um grande desafio desabafar.
Eu era tímida até para orar e não confiava em Deus a ponto de contá-Lo sobre as minhas lutas, então permaneci daquele jeito por mais de um ano. O que me levou a agir foi mais uma rejeição, desta vez em minha vida sentimental. Conheci alguém e o relacionamento parecia promissor, até que cerca de dois meses depois ele terminou tudo sem ao menos uma explicação.
Me senti desvalorizada e ficava perguntando o que havia de errado comigo. Lembro-me de uma vez em que estava no metrô a caminho de casa e fui bombardeada por pensamentos de pular no trilho para acabar com meu sofrimento. Eu guardava todos aqueles sentimentos dentro de mim e, às vezes, parecia que ia explodir.
Quando estava sozinha, caía em lágrimas. Eu me sentia presa naquele ciclo de rejeição e decepções. Tinha dificuldade para confiar nas pessoas, mas como já estava frequentando a Universal, a cada reunião ouvia uma palavra encorajadora de fé, que me dava forças para seguir em frente. Gradativamente, aprendi a confiar em Deus. Contei a Ele sobre os meus pensamentos, dúvidas e sentimentos negativos e, ao fazer isso, os muros que havia construído dentro de mim mesma começaram a ruir. As trevas que eu sentia dentro de mim começaram a se dissipar.
Era como se Deus estivesse removendo de mim tudo que eu não precisava (a solidão, baixa autoestima, complexo de inferioridade, etc.) e me dando o que eu precisava, que era paz. A paz que senti era indescritível! Entendi que sou amada por Deus e valiosa para Ele, e isso basta para mim, independente do que os outros possam pensar ou dizer. A confiança que eu tenho agora vem de dentro.
Hoje posso dizer que sou uma Patricia completamente diferente. Se antes era tímida e não conseguia me enxergar conquistando grandes coisas, hoje sou confiante e não tenho medo de lutar pelos meus objetivos, pois sei que com Deus posso conquistar qualquer coisa. E eu tenho certeza de que a mesma paz que Ele me deu, também deseja dar a qualquer pessoa que esteja sofrendo como eu estava. Você só precisa dizer ‘SIM’ a Ele!”
Patricia Pestana
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